domingo, 7 de agosto de 2011


Militares veem em Amorim a ''pior'' opção

Para generais, decepção só é comparável à escolha de Viegas no início do governo Lula

05 de agosto de 2011 | 0h 00


Tânia Monteiro / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

A escolha do ex-chanceler Celso Amorim para substituir Nelson Jobim no Ministério da Defesa desagradou a almirantes, generais e brigadeiros e foi considerada "a pior surpresa" dos últimos tempos pelos militares, só comparável à escolha de José Viegas Filho, também diplomata, no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, para o mesmo cargo.
No caso de Celso Amorim, de acordo com oficiais-generais da ativa ouvidos pelo Estado - e que não podem se identificar para não quebrar o regulamento disciplinar - a situação é ainda mais delicada. Todos eles conhecem as posições assumidas pelo ex-chanceler em sua passagem pelo Itamaraty, quando, segundo avaliam, ele "contrariou princípios e valores" dos militares.
Apesar de toda contrariedade, os militares, disciplinados, não pensam em tomar qualquer atitude contra o novo ministro da Defesa. Não há o que fazer, além de bater continência para o sucessor de Nelson Jobim. Para os militares, a escolha de Amorim tem "o dedo de Lula", dizem.
Dilma Rousseff é a presidente da República e cabe a ela escolher o novo ministro da Defesa e, aos militares, acatar a decisão. "É quase como nomear o flamenguista Márcio Braga para o cargo de presidente do Fluminense ou do Vasco, ou vascaíno Roberto Dinamite como presidente do Flamengo", comentou um militar, recorrendo a uma imagem futebolística e resumindo o sentimento de "desgosto" da categoria. "O governo está apostando na crise", observou outro oficial-general, explicando que Jobim conquistou autoridade mas ninguém sabe como será a reação da tropa caso haja algum problema que obrigue Amorim a fazer valer sua autoridade.
O maior desafio para os militares é que, durante todo o governo Lula, Celso Amorim usou a ideologia para tomar decisões e conduzir a política externa brasileira. Além disso, Amorim priorizou a relação com Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, além de Mahmmoud Ahmadinejad, do Irã. "Ele colocou o MRE a serviço do partido", salientou outro militar, acrescentando que temem, por exemplo, a forma de condução do programa nuclear brasileiro. Isso porque Amorim sempre defendem , segundo esses oficiais, posições "perigosas" no que se refere aos programas de pesquisa que constam nos planos das Forças Armadas.
Outro oficial salientou ainda que, em vários episódios, Jobim, saiu em defesa dos militares, inclusive contra a posição de Amorim. "E agora, quem nos defenderá?", observou ele, acrescentando que temem até o risco de uma certa politização do processo de promoção dos militares.
Depois de reconhecer que os militares estão subordinados ao poder civil, um oficial-general questionou por que colocá-los abaixo de outra categoria.
Outro militar fez questão de lembrar que, durante os anos em que foi ministro das Relações Exteriores, Amorim nunca contrariou ninguém durante sua gestão e quando sua posição foi colocada em xeque, mudou de opinião. Isso, na área militar é muito ruim.

Continuando, na sequência temos :

Diplomacia ideológica marcou gestão sob Lula

05 de agosto de 2011
João Domingos / BRASÍLIA e Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / WASHINGTON
PERFIL
Celso Amorim, novo ministro da Defesa
Patrocinador de uma política externa ideológica com foco em países periféricos e filiado ao PT por inspiração do ex-presidente Lula, Celso Amorim colecionou polêmicas à frente das Relações Exteriores. Já na sua posse, nomeou o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ideólogo favorável ao viés antiamearicano na política exterior brasileira, como secretário-geral das Relações Exteriores, o segundo cargo da Casa.
No caso mais notório de sua gestão, meteu-se na questão nuclear do Irã, atraindo a censura dos países mais ricos. A insistência dele na negociação do Tratado de Teerã, em 2010, pelo qual o Irã se comprometeria com o Brasil e a Turquia a trocar urânio enriquecido por combustível nuclear, é considerada o maior equívoco de sua gestão no meio diplomático.
O acordo e a forma como deu-se publicidade ao texto arruinaram as relações com os EUA até março passado, quando o presidente americano, Barack Obama, visitou Dilma Rousseff em Brasília.
Ministro dos governos Itamar Franco (1992-94) e Lula (2003-10), o chanceler foi responsável pelo direcionamento da política externa brasileira ao Oriente Médio, à América do Sul, à África e a demais nações emergentes. Alinhavou a cooperação sistemática do Brasil com a África do Sul e a Índia (Ibas) e foi astuto para trabalhar a criação do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), a partir de um acrônimo do Goldman Sachs para se referir aos emergentes. Também estreitou laços diplomáticos com Cuba, Síria, Líbia e Irã.
Amorim liderou o boicote dos países da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao governo de Roberto Michelletti, que assumiu a presidência de Honduras em 2009, depois de um golpe militar que derrubou o presidente eleito Manuel Zelaya. Como resultado das negociações de Amorim, a OEA excluiu Honduras do grupo de países americanos.
Ele foi também importante articulador na formulação de grupos como o G-20, na frente multilateral contra o protecionismo comercial dos EUA e da Europa e na tentativa de reformular a Organização das Nações Unidas. Durante sua gestão, o Brasil enfrentou algumas crises com seus vizinhos, como a Bolívia e o Equador. Em 2006, o presidente boliviano, Evo Morales, anunciou a nacionalização do gás e do petróleo. O exército do vizinho ocupou as empresas estrangeiras, entre elas a Petrobrás, que explorava os dois principais campos de gás. Amorim disse que a nacionalização já era esperada, o que foi criticado no Brasil.
Ao fim do governo Lula, Amorim, nos bastidores, admitia o desejo de continuar ministro no governo Dilma.

PAULO BASTOS COMENTA
A mídia começou a publicar algum que me incomoda muito, é esta história de que “os militares estão com medo de que o Amorim.....  Nós não estamos com medo de nada, estamos sim estarrecidos como os critério que se usam neste pais e nestes últimos 3 governos em particular para se indicar alguém a cargo publico. Alias não há critérios, não se considera o interesse público para o provimento. Parece que tudo é feito a galega....
Aos militares pouco importa se o Ministro da Defesa é civil ou militar, desejamos que seja probo, honesto, voltado para os interesses maiores do Brasil,  capacitado, que conheça o nosso ‘métier’, tenha vivência de nossas particularidades e da caserna.
O cara que tá saindo não era lá estas coisas não: vaidoso, um verdadeiro pavão que gostava de se fantasiar de milico. Este outro que chega dispensa comentários. Nunca dantes as relações internacionais do Brasil estiveram tão na contra mão da história, nunca dantes se viu tantos erros primários na condução da nossa política externa (Batisti que o diga).
O que nos preocupa é a falta de consideração, o desconhecimento, o ressentimento que este governo demonstra para com os militares. A indicação deste cidadão é prova latente de que vem ferro por ai e só esperar e ve............

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