sexta-feira, 18 de novembro de 2011

È MAIS FACIL VIGIAR UM LADRÃO DO QUE DOIS IMAGNIE TRES................

Esta análise feita pelo professor José R.B. Freire é uma obra-prima jornalística, que nos remete aos tempos de Padre Antônio Vieira e seus famosos sermões. Vale a pena ler todo o artigo com atenção. Excelente!
 
P.S. - O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNI RIO). 
 

TAPAJÓS E CARAJÁS: FURTO, FURTEI, FURTAREI
José Ribamar Bessa Freire
09/10/2011 - Diário do Amazonas
 
Essa foi a vaia mais estrondosa e demorada de toda a história da Amazônia.
Começou no dia 4 de abril de 1654, em São Luís do Maranhão, com a conjugação do verbo furtar, e continuou ressoando em Belém, num auditório da Universidade Federal do Pará, na última quinta-feira, 6 de outubro, quando estudantes hostilizaram dois deputados federais que defendiam a criação dos Estados de Tapajós e Carajás.
A vaia, que atravessou os séculos, só será interrompida no dia 11 de dezembro próximo, quando quase 5 milhões de eleitores paraenses irão às urnas para votar, num plebiscito, se querem ou não a criação dos dois Estados desmembrados do Pará, que ficará reduzido a apenas 17% de seu atual território caso a resposta dos eleitores seja afirmativa.
A proposta de divisão territorial não é nova. Embora o fato não seja ensinado nas escolas, o certo é que Portugal manteve dois estados na América: o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão-Pará, cada um com governador próprio, leis próprias e seu corpo de funcionários. Somente um ano depois da Independência do Brasil, em agosto de 1823, é que o Grão-Pará aderiu ao estado independente, com ele se unificando.
Pois bem, no século XVII, a proposta era criar mais estados. Os colonos começaram a pressionar o rei de Portugal, D. João IV, para que as capitanias da região norte fossem transformadas em entidades autônomas. O padre Antônio Vieira, conselheiro do rei de Portugal, D. João IV, convenceu o monarca a fazer exatamente o contrário, criando um governo único do Estado do Maranhão e Grão-Pará sediado inicialmente em São Luís e depois em Belém.
Para isso, o missionário jesuíta usou um argumento singular. Ele alegava que se o rei criasse outros estados na Amazônia, teria que nomear mais governadores, o que dificultaria o controle sobre eles. "É mais fácil vigiar um ladrão do que dois", escreveu Vieira em carta ao rei, de 4 de abril de 1654: “Digo, Senhor, que menos mal será um ladrão que dois, e que mais dificultoso será de achar dois homens de bem que um só”. Num sermão que pregou na sexta-feira santa, já em Lisboa, perante um auditório onde estavam membros da corte, juízes, ministros e conselheiros da Coroa, o padre Vieira, recém-chegado do Maranhão, acusou os governadores, nomeados por três anos, de enriquecerem durante o triênio, juntamente com seus amigos e apaniguados, dizendo que eles conjugavam o verbo furtar em todos os tempos, modos e pessoas. Vale a pena transcrever um trecho do seu sermão:
- “Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos. Esses mesmos modos conjugam por todas as pessoas: porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados, e as terceiras quantos para isso têm indústria e consciência”.
Segundo Vieira, os governadores "furtam juntamente por todos os tempos". Roubam no tempo presente , "que é o seu tempo" durante o triênio em que governam, e roubam ainda "no pretérito e no futuro". Roubam no passado perdoando dívidas antigas com o Estado em troca de propinas, "vendendo perdões" e roubam no futuro quando "empenham as rendas e antecipam os contrato, com que tudo, o caído e não caído, lhe vem a cair nas mãos".
O missionário jesuíta, conselheiro e confessor do rei, prosseguiu:
"Finalmente, nos mesmos tempos não lhe escapam os imperfeitos, perfeitos, mais-que-perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais se mais houvesse. Em suma, que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar. E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles como se tiveram feito grandes serviços tornam carregados de despojos e ricos; e elas ficam roubadas e consumidas".
Numa atitude audaciosa, Padre Vieira chama o próprio rei às suas responsabilidades, concluindo:
"Em qualquer parte do mundo se pode verificar o que Isaías diz dos príncipes de Jerusalém: os teus príncipes são companheiros dos ladrões. E por que? São companheiros dos ladrões, porque os dissimulam; são companheiros dos ladrões, porque os consentem; são companheiros dos ladrões, porque lhes dão os postos e os poderes; são companheiros dos ladrões, porque talvez os defendem; e são finalmente, seus companheiros, porque os acompanham e hão de acompanhar ao inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo".
Os dois novos Estados – Carajás e Tapajós – se criados, significa mais governadores, mais deputados, mais juizes, mais tribunais de contas, mais mordomias, mais assaltos aos cofres públicos

A verdade: eu menti


JORNALISTA MIRIAN MACEDO CONTARÁ À COMISSÃO DA VERDADE TUDO SOBRE A TORTURA: "EU MENTI". "Menti descaradamente durante 30 anos".

DOMINGO, 5 DE JUNHO DE 2011
A verdade: eu menti

Eu, de minha parte, vou dar uma contribuição à Comissão da Verdade, e contar tudo: eu era uma subversivazinha medíocre e, tão logo fui aliciada, já 'caí' (jargão entre militantes para quem foi preso), com as mãos cheias de material comprometedor.      
Despreparada e 'festiva', eu não tivera nem o cuidado de esconder os jornais da organização clandestina a que eu pertencia, eles estavam no meio dos livros numa estante, daquelas improvisadas, de tijolos e tábuas, que existia em todas as repúblicas de estudantes, em Brasília naquele ano de 1973.
Já relatei o que eu fazia como militante http://bit.ly/vNUwyb. Quase nada. A minha verdadeira ação revolucionária foi outra, esta sim, competente, profícua, sistemática: MENTI DESCARADAMENTE DURANTE 30 ANOS!
Repeti e escrevi a mentira de que eu tinha tomado choques elétricos (por pudor, limitei-me a dizer que foram poucos, é verdade), que me interrogaram com luzes fortes, que me ameaçaram de estupro quando voltava à noite dos interrogatórios no DOI-CODI para o PIC (eu ouvia conversas maliciosas e tolas dos agentes) e que eu ficavam ouvindo "gritos assombrosos" de outros presos sendo torturados (aconteceu uma única vez, por um curto período de tempo: ouvi gritos e alguém me disse que era minha irmã sendo torturada. Os gritos cessaram - achei, depois, que fosse gravação - e minha irmã, que também tinha sido presa, não teve um único fio de cabelo tocado).
Eu também menti dizendo que meus 'algozes', diversas vezes, se divertiam jogando-me escada abaixo, e, quando eu achava que ia rolar pelos degraus, alguém me amparava (inventei um 'trauma de escadas", imagina). A verdade: certa vez, ao descer as escadas até a garagem no subsolo do Ministério do Exército, na Esplanada dos Ministérios, onde éramos interrogados, alguém me desequilibrou e outro me segurou, antes que eu caísse.
Quanto aos socos e empurrões de que eu fui alvo durante os dias de prisão, não houve violência que chegasse a machucar; nada mais que um gesto irritado de qualquer dos 'inquisidores'; afinal, eu os levava à loucura, com meu 'enrolation'. Sou rápida no raciocínio, sei manipular as palavras, domino a arte de florear o discurso. Um deles repetia sempre: "Você é muito inteligente. Já contou o pré-primário. Agora, senta e escreve o resto".
Quem, durante todos estes anos, tenha me ouvido relatar aqueles dias em que estive presa, tinha o dever de carimbar a minha testa com a marca de "vítima da repressão". A impressão, pelo relato, é de que aquilo deve ter sido um calvário tão doloroso que valeria uma nota preta hoje, os beneficiados com as indenizações da Comissão da Anistia sabem do que eu estou falando. Havia, sim, muita ameaça, muito grito, interrogatórios intermináveis e, principalmente, muito medo (meu, claro).
Ma va! Torturada?! Eu?! As palmadas que dei na bunda de meus filhos podem ser consideradas 'tortura inumana' se comparadas ao que (não) sofri nas mãos dos agentes do DOI-CODI.
Que teve gente que padeceu, é claro que teve. Mas alguém acha que todos nós que saíamos da cadeia contando que tínhamos sido 'barbaramente torturados' falávamos a verdade?
Não, não é verdade. Noventa e nove por cento das 'barbaridades e torturas' eram pura mentira! Por Deus, nós sabemos disto! Ninguém apresentava a marca de um beliscão no corpo. Éramos 'barbaramente torturados' e ninguém tinha uma única mancha roxa para mostrar! Sei, técnica de torturadores. Não, técnica de 'torturado', ou seja, mentira. Mário Lago, comunista até a morte, ensinava: "quando sair da cadeia, diga que foi torturado. Sempre."
A pior coisa que podia nos acontecer naqueles "anos de chumbo" era não ser preso. Como assim todo mundo ia preso e nós não? Ser preso dava currículo, demonstrava que éramos da pesada, revolucionários perigosos, ameaça ao regime, comunistas de verdade! Sair dizendo que tínhamos apanhado, então! Mártires, heróis, cabras bons.
Vaidade e mau-caratismo puros, só isto. Nós saíamos com a aura de hérois e a ditadura com a marca da violência e arbítrio. Era mentira? Era, mas, para um revolucionário comunista, a verdade é um conceito burguês, Lênin já tinha nos ensinado o que fazer.
E o que era melhor: dizer que tínhamos sido torturados escondia as patifarias e 'amarelões' que nos acometiam quando ficávamos cara a cara com os "ômi". Com esta raia miúda que nós éramos, não precisava bater. Era só ameaçar, a gente abria o bico rapidinho.
Quando um dia, durante um interrogatório, perguntaram-me  se eu queria conhecer a 'marieta', pensei que fosse uma torturadora braba. Mas era choque elétrico (parece que 'marieta' era uma corruptela de 'maritaca' (nome que se dava à maquininha que rodava e dava choque elétrico). Eu não a quis conhecer. Abri o bico, de novo.
Relembrar estes fatos está sendo frutífero. Criei coragem e comecei a ler um livro que tenho desde 2009 (é mais um que eu ainda não tinha lido): "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça", escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra. Editora Ser, publicado em 2007. Serão quase 600 páginas de 'verdade sufocada"? Vou conferir
TEXTO REPRODUZIDO DO BLOG DE MÍRIAN MACEDO

A cumpanheira endoidou


      Esta é uma das versões que circula ou circulou entre a cúpula da subversão.

       A outra é que a cumpanheira e jornalista Mírian Macedo, em decorrência das bárbaras torturas sofridas em 1973, teve uma repentina crise de amnésia.

     A torturada, inexplicavelmente, não se recorda dos estupros, das tapas, dos chutes e dos choques elétricos que lhes foram aplicados pelos agentes da repressão.

     A sua declaração circula pela internet, no seu blog, confessando que mentiu, descaradamente, por 30 anos ao alegar que havia sido torturada pela repressão.

     Seu desabafo, de 05 de junho de 2011, somente agora teve a devida repercussão. Mas, tal qual a sua revelação, a confissão surge como um grito, e a sua ampla divulgação cinco meses depois, ainda é oportuna.

     Sim, antes tarde do que nunca, diria um esperançoso na recuperação do gênero humano.

     Podemos creditar o desabafo, inoportuno para a Comissão da Verdade, como o peso de uma consciência, que sobrecarregada pelos anos e pelas falsas acusações que acobertara em seu íntimo, resolveu dar o seu brado de basta e lá foi a torturada jornalista livrar - se daquela pesada carga.

     Parabéns, Mirian, você agiu com honestidade, esperamos que agüente o tranco.

     Agradecemos o seu desafogo, embora na certeza de que ele de nada servirá.

     A Comissão, não terá peito de chamá – la; quanto ao outro lado, que legalmente não existe, não irá utilizar sua confissão para contrapor – se aos subversivos e comparsas.

     Estamos certos de que você, após tantos anos carregando esta grande mentira, deve estar aliviada, satisfeita com a sua nobre e corajosa atitude.

     Felizmente, acreditamos que você, finalmente, teve a paz que merece, mas não se esqueça, ainda custará caro, pois muitos irão acusá – la e perseguí-la.

      Você, quando jovem, meteu - se no ninho de cobras que eram os escolados e tarimbados comunistas, que facilmente enrolavam os jovens, mormente estudantes.

     Muitos deles foram presos, e todos tinham a orientação, de quando soltos, alegarem que sofreram terríveis torturas.

     Infeliz ou felizmente, sua desdita tem sido a de carregar o ônus deste desabafo, sofrer o repúdio de velhos cumpanheiros; mas como consolo, os tribunais revolucionários de antanho estão no ostracismo, e você não deverá ser vítima de nenhum justiçamento, como o foram, entre outros, assassinados pelos cumpanheiros de luta, o Geraldo Ferreira Damasceno, em 29 de maio de 1969; nem o Marcio Leite Toledo, em 23 de maio de 1971.

     Prezada Mírian, suas palavras servem de consolo, sublinham a cretinice que será a busca da verdade num lodaçal de mentiras e interesses, poderão ensimesmar mentes, mas não impedirão que a roda da patifaria siga em frente, como se nada tivesse acontecido.

     E assim, graças à sua consciência, um felizardo escapou da acusação de ter torturado você.

     E como disse o cretino, mais vale uma mentira na mão do que duas verdades voando.
Brasília, DF, 18 de novembro de 2011

Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS, NO BRASIL É SACI PERERE

É minha gente um dia a casa cai............e parece que com certerza um ela tá começando a ruir  para a canalha vermelha de outrora...senão vejamos:

Para quem não sabe sobre o que estou falando— os mais jovens—, é da “Comissão da mentira” que está sendo instalada, uma verdadeira inquisição ideológica patrocinada pelo revanchismo dos derrotados na década de 70 pela sua própria incompetência e inabilidade político-militar. Os covardes de outrora (os que chamávamos de “bunda-mole” ou cagões) é que hoje pousam de vitima ou de heróis, na realidade nada fizeram de heróico e muito menos de revolucionário, e hoje pousam de vítima ou de heróis, a maioria pensa que pau-de-arara é poleiro em zoológico.

Estes “perseguidos pela ditadura”, na grande maioria gostava mesmo era de falar mal do governo entre uma “ervinha” e outra,  ou umas goladas de Whisky importado.

Agora mesmo vemos estes pseudos estudantes paulistas que ocuparam o campus, os coitadinhos só queriam tranqüilidade para queimarem um baseado longe da policia perversa e truculenta. Com certeza daqui a algum tempo entrarão na justiça reclamando uma indenização (pois comunista no Brasil gosta mesmo é de grana e cargo publico) por terem sido molestado pelo Estado que os impediu de se confraternizarem e transgredirem, acho que com este argumento de baderneiros serão promovidos a futuros perseguidos políticos e terão uma bolsa ditadura doada pelo governo do PT