Tudo não passa de uma estratégia urgida no centro duro do PT para desmoralizar o Ministério Público, o PF as Forças Armadas, a Igreja Católica e a Imprensa livre deste país, que são as únicas instituições que ainda resistem a maré vermelha da desmoralização dos desgovernso dos últimos 8 anos. PAULO BASTOS.
Problemas na PF podem comprometer operações
Em entrevista ao Congresso em Foco, presidente da Associação dos
Delegados da PF diz que Polícia Federal passa por momento de
desvalorização. “É deliberado? Não sei”, completa

Para presidente da ADPF, ministro da Justiça precisaria ser mais enfático na defesa da Polícia Federal

O
sucesso das Operações Vegas e Monte Carlo – que levaram à prisão do
bicheiro Carlinhos Cachoeira e às denúncias que podem resultar na
cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) – mascara
uma realidade, segundo o presidente da Associação Nacional dos Delegados
da Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Sousa Ribeiro. “A Polícia
Federal está desamparada”, afirma ele, em entrevista ao
Congresso em Foco. “E isso pode acabar comprometendo operações futuras”, adverte.
“Se é deliberado? Não sei”, completa Leôncio. Segundo o presidente da
ADPF, há uma série de situações que, nos últimos anos, vêm contribuindo
para piorar a estrutura e a qualidade funcional da Polícia Federal.
Cortes no orçamento, carência de pessoal, defasagem salarial. E um
acanhamento, no seu entender, do empenho do ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, na defesa da instituição. “O ministro da Justiça
precisa ser mais enfático na defesa da Polícia Federal junto ao governo e
publicamente”, afirma Marcos Leôncio.
Foi no início do primeiro governo Lula que começaram a ficar famosas
as grandes operações da Polícia Federal. No período, houve uma política
de investimento no aparelhamento da PF e na qualificação dos policiais.
Depois disso, diz o presidente da ADPF, a Polícia Federal passou a viver
um momento de estagnação.
“Em 2004 e 2005, houve um processo muito grande de avanço. A PF, com
isso, melhorou muito de qualidade. Mas o ritmo de investimento caiu a
partir de 2009 e só piora desde então”, afirma Marcos Leôncio.
Falta de pessoal
“As Operações Vegas e Monte Carlo poderiam ter ficado comprometidas
por orçamento reduzido e falta de pessoal. Há toda sorte de
dificuldades”, critica o presidente da ADPF. Enquanto a Polícia Federal
tem 11 mil policiais, segundo Leôncio, a Secretaria da Receita Federal
tem 20 mil auditores. “A Funai tem mais DAS que a PF”, completa, citando
um outro órgão vinculado ao Ministério da Justiça, a Fundação Nacional
do Índio (Funai) e a sigla que indica os cargos de confiança dos
escalões superiores da administração pública (Direção de Assessoramento
Superior – DAS). “Os policiais civis de vários estados estão ganhando
mais que os delegados da PF”, comenta.
Segundo Leôncio, a falta de uma Lei Orgânica da Polícia Federal
agrava os problemas. Não há, por exemplo, uma política de incentivo para
a ida de policiais para os postos de fronteira, como acontece nas
Forças Armadas. “Qual o incentivo que tem um policial federal para atuar
numa área de risco?”, questiona. De acordo com o presidente da ADPF,
apesar das promessas feitas durante o lançamento do Plano Nacional de
Fronteiras, há mais de um ano a PF aguarda a concretização da política
para os servidores lotados nas delegacias de fronteira.
Outro fator desmotivador para a Polícia Federal tem sido a
sinalização do governo de acabar com uma conquista histórica da
categoria: a aposentadoria policial, a qual já tinha sido reconhecida
inclusive pelo STF e TCU.
A Polícia Federal reivindica ainda a conquista de uma situação maior
de autonomia diante do governo federal, nos moldes do que há na
Advocacia Geral da União (AGU), na Defensoria Pública da União e na
Receita Federal. “Há argumentos tolos que usam para negar a autonomia.
Até o fato de que os policiais usam armas. Na verdade esconde o medo de
uma polícia com maior poder de investigação contra os criminosos do
colarinho branco”, argumenta.
Numa demonstração da falta de interesse com a PF, Leôncio revela que
nas vésperas de ingresso de novos servidores, a corporação segue sem a
nomeação do titular da Diretoria de Gestão de Pessoal. Assim como a
Academia Nacional de Polícia, responsável pelo curso de formação dos
futuros policiais. Depois de cinco meses de expectativa, a
Corregedoria-Geral finalmente conheceu o seu novo titular, mas a
Diretoria de Administração e Logística Policial ainda aguarda a nomeação
do cargo.
Para Marcos Leôncio, diante da repercussão de ações como agora com os
casos das Operações Vegas e Monte Carlo, a Polícia Federal mereceria
maiores investimentos, e não cortes orçamentários. “Às vésperas de
grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, nós estamos com a
polícia desmotivada e insatisfeita. É preocupante”, conclui ele.
Congresso em Foco